Sunday, October 23, 2011

Moving Planet em Utupua, Ilhas Solomons

Como parte da campanha 350.org para construir o grande movimento de ação global para levar o planeta a zero consumo de combustíveis fósseis, Infinity Expeditions organizou 7 dias de atividades, em Utupua, Ilhas Salomão, de 20 a 27 setembro, 2011.




Comunidade de Utupua, consciente do nível máximo de CO2 tolerado na atmosfera


Tripulantes-voluntários: Raquel, Emmaline,
Francis, Laura and Annelie
Tudo começou em Sigatoka, Fiji, com a participação de 5 tripulantes-voluntários do Infinity no workshop sobre mudanças climáticas juntamente com 50 pessoas representando 13 países do Pacífico - Palau, Papua Nova Guiné, Ilhas Marshall, Quiribati, Nauru, Ilhas Salomão, Estados Federados da Micronesia, Tonga, Vanuatu, Samoa Americana, Samoa, Fiji, Nova Zelândia. Os tripulantes do Infinity saíram deste workshop muito mais preparados para atuar contra a crise climática e comprometidos em construir o Moving Planet em 24/ Set.  a bordo do Infinity.


Veja o video produzido pela Infinity Expeditions e dfE (a legenda em Português está sendo finalizada):




Líderes 350 do Pacífico 


Atividades em Utupua


O evento em Utupua, mobilizou aproximadamente 500 pessoas em 4 comunidades, Nembao, Aondo, Asumboa e Aveta em uma semana de atividades educativas e culturais. 
Promovemos palestras de conscientização sobre mudanças climáticas para 300 estudantes da Patteson High School, descarte de lixos plásticos e baterias na Nembao Primary School e cultura geral sobre os países de origem dos voluntários. As ações incluíram coleta de lixo plástico e pilhas, avaliação de recifes de corais, reparo de painel solar e manufatura de mais de 40 velas para canoas, estimulando esta fantástica e sustentável cultura. Canoa à vela é o principal meio de transporte em Utupua e, exemplarmente, tem EMISSÃO ZERO DE CARBONO.




Coleta de plásticos e pilhas em Nembao
Alex Watton palestrando sobre UK
na Patteson High School
Francis Maglia palestrando sobre mudanças climáticas
 na Patteson High School

Patti palestrando sobre Hawaii
na Nembao Primary School

Estudantes e Professores da Patteson High School
Canoas à vela, aguardando a
confeção de novas velas no Infinity
Clemens Oestreich confeccionando velas para canoas da Vila Nembao

Clemens Oestreich costurando velas


Francis Maglia avaliando recifes
 de coral em Aondo
Pierre Trbovic avaliando recifes
 de coral em Aondo


Crianças de Asumboa


24 Set. - dia de emissões zero de carbono


No dia 24 Set.  servimos café da manhã e almoço frios a bordo, remamos e caminhamos para nos deslocar, jantamos na vila Nembao; e encerramos o dia com voz e violão na vila.




Crise Climática no Pacífico







Os efeitos da mudança climática em ilhas remotas tais como Utupua trazem a urgência de colocar os direitos das pessoas e da natureza acima dos direitos dos poluidores. Não é justo essas pessoas que têm um estilo de vida super sustentável - usam canoas à vela e caminham para se deslocarem, desenvolvem cultura orgânica, coletam água da chuva, usam exclusivamente energia solar - estarem enfrentando uma série de adversidades climáticas não causadas por eles.








A elevação do nível do mar, mais crítica durante os últimos 5 anos, traz ameaças reais à vida nas ilhas. Sistematicamente, os reservatórios de água doce e plantações vêm sofrendo salinificação, as árvores costeiras que são uma proteção natural contra ciclones vêm sendo derrubadas. Suas casas vêm sendo lavadas nas marés-altas fazendo com que eles se realoquem. Os ciclones cada vez mais freqüentes e potentes destroem tudo por onde passam.



Garoto de Nembao, ajudando o pai na  pesca


Cultura de porcos em Nembao











Canoa a vela em ação, em direção ao recife, para pescar

A elevação da temperatura dos mares e oceanos e o aumento significativo de partículas plásticas misturadas ao plâncton está degradando os recifes de corais e levando a vida marinha à morte. 


Praia em Nembao


Os fatos descritos acima impactam em necessidades muito básica dos moradores das ilhas: a sua moradia, abastecimento de água e de alimentos. 
Nossa estada em Utupua foi muito proveitosa e motivou-nos a chamar os indivíduos, as sociedades e os governos à fazerem a sua parte para nos levar de volta abaixo de 350 ppm de  CO2 na atmosfera.



Carta da vila de Aveta, solicitando
 orientação sobre Mudanças no Clima




Foto "350" na Patteson High School

Thursday, October 20, 2011

Praia do seu Sabu. O que eu tenho a ver com isso?



Esta é a praia do seu Sabu:


Esta pequena enseada fica no coração de Honiara, a capital das Ilhas Solomon. Chegam aqui toneladas de lixo como restos de barcos pesqueiros, plástico, pneus, etc. A maioria vem flutuando, do mar. 

Depois da II Guerra Mundial, milhares de navios e outros equipamentos de guerra foram abandonados em quase todas as ilhas do Pacífico. 
Mais tarde, a indústria pesqueira continua usando ilhas paradisíacas com "lixão".
Hoje em dia, até carcaças de computadores chegam aqui.

A Prefeitura de Honiara diz que seu Sabu deve tomar conta da sua própria praia - perguntamos por quê não se limpa a sujeira desta praia no "Honiara City Council". "Não há reciclagem de plástico ou pneus no País". Quase nenhum destes entulhos foi produzido nas Ilhas Solomon, e com certeza, as companhias que produziram estes plásticos e pneus, que exploraram os barcos pesqueiros aqui abandonados, já garantiram seus lucros com suas vendas.
Seu Sabu. Ele nos confessou que nos primeiros anos, tentou manter a praia limpa.  Mas....

Cansou.



Seu Sabu nunca teve um carro, não toma água engarrafada, mas sempre morou nesta pequena praia, que leva o seu nome. A cidade cresceu, o espremeu e a outras duas famílias entre uma avenida e a praia que, agora, tem toneladas de lixo. Dentre estes entulhos, muito pouco  foi produzido nas Ilhas Solomon.
Tentando analisar estes fatos do ponto de vista de causas e conseqüências, vejo que não há uma causa isolada para o fato de seu Sabu, como inúmeras outras praias no planeta, ter que conviver com esta sujeira toda. E isto é apenas um aspecto dos terríveis impactos desta poluição "sem dono".

A vida marinha neste local já não existe. A beleza do lugar é completamente ofuscada pela sujeira. A saúde das famílias que ali vivem é comprometida. Os conhecimentos tradicionais, a pesca, a contemplação da Natureza, tudo isto desaparece.
As causas, muitas. Mas vejo como principal, a velada  irresponsabilidade das corporações que vendem estes produto - pneus, plásticos, navios - sem nenhum preocupação com o final do ciclo de vida dos mesmos. A Bridgestone - e todas as outras fabricantes de pneus -  nunca fizeram NADA para evitar que o final dos seus produtos fosse este, como na foto, que eu mesmo tirei.

Pneu BRIDGESTONE na praia do seu Sabu. Ele nunca teve um carro.










Os fabricantes de embalagens e engarrafadores de bebidas agem da mesma forma. Os consumidores de todos estes produtos - NÓS MESMOS - não gozam de melhor reputação. Algo está muito errado nas nossas sociedades. 

Seu Sabu não consome água engarrafada. Talvez dois champus por ano. Também não compra água clorada...

Bem, o que cada um de nós tem a ver com isso?

Acho que vale a pena pensar:

A Companhia para quem trabalhamos se responsabiliza - com seriedade - por seus produtos até o fim do ciclo de vida de cada produto?

Quando o pneu do meu carro termina, eu garanto que o mesmo seja adequadamente reciclado ou eu, sossegadamente, o abandono na borracharia do seu Zé do Furo, que fica perto do Córrego Pneu Velho?






Como sempre, suas críticas, comentários, etc. são muito bem-vindas.