Saturday, September 29, 2012

3º Relatório de Pegada Ambiental



Relatório gráfico de emissões. 
Nesta fase do nosso projeto de desaceleração, o atingimento da redução em emissões de carbono não se parece muito com objetivo do começo do projeto. Durante os três primeiros semestres tivemos de fato uma grande redução, sempre perseguindo a meta proposta de 2 toneladas / ano / pessoa. No entanto, não conseguimos manter tal nível devido principalmente os deslocamentos de veleiro quando não havia vento – usando então o motor – e quando sobretudo viajando em terra ou voando, o que tentamos minimizar, mas não foi sempre possível. Sinceramente, não estamos muito satisfeitos com nossas emissões atuais, mas esta é a verdade que temos de enfrentar.

Essa realidade nos revelou que, mesmo com esforçando para evitar vôos e movimentos desnecessários, sempre que se viaja utilizando transporte a base de combustíveis fósseis, as emissões serão provavelmente maiores do que nosso objetivo.

Recuperação de móveis antigos. Apesar das emissões maiores do que desejamos, continuamos perseguindo maneiras de viver com baixo impacto ambiental.

Uma vez decidido que viajar seria um aspecto importante da nossa jornada pela vida simples e sustentável, agora temos de enfrentar e buscar alternativas para esta realidade. Uma opção que consideramos agora é compensar as emissões deste período quando voltarmos a nos estabelecer em algum lugar.

Enquanto não nos estabelecemos, seguimos voluntariando em
comunidades que buscam sustentabilidade.
Aqui, ajudamos na contrução de uma estufa para produção de comida no
inverno e silvicultura, em Fiumicino, na Itália.

A estufa pronta, construida com 100% de materiais reciclados,
encontrados na propriedade onde voluntariamos.

A compensação deve assegurar o seqüestro de carbono em quantidades pelo menos equivalentes às nossas emissões dos dois anos em que estivemos viajando. Para isso, estamos realmente empenhados em planejar e conseguir contrabalançar todo o necessário em nosso próximo assentamento e talvez, compensar todas as nossas emissões causadas por nós desde o nosso nascimento. Por que não?

Uma maneira de contribuir com o desenvolvimento holístico das nossas sociedades é participar ativamente na educação. Nossa equipe dfE ensinou conceitos de Ecologia e preservação de Patrimonios Histórico e Cultural para mais de 250 jovens estudantes na China,
por sete semanas, em associação com a UNESCO e com a
CSETC (Chinese Society of Education Training Center).

Algumas pessoas podem agora estar perguntando "por que tanta preocupação com emissão de carbono?"

Bem, tendo ou não esta questão agora, todo esse debate leva para o próximo post, que estará publicado em muito breve: "As mudança climática são uma falácia".

Obrigado pela leitura!

Comentários, críticas, gabaritos. Todos bem-vindos!

Equipe dfE

Transformando entulho em alimento para a horta:
O  genial "Canteiro de Holzer".
Em Fiumicino, Itália

Saturday, September 8, 2012

CARTA AO PAIS

Vida em comunidade, na fazenda Projeto Panya, em Chiang Mai, na Tailândia.
Na Panya, fomos introduzidos à PERMACULTURA


Este post é a adaptação de uma carta aos nossos Pais em resposta a uma oferta de apoio para iniciarmos um projeto de permacultura no Brasil, ato de generosidade e valorização da Vida e da Terra. Dividir este conteúdo é uma tentativa de estímulo a interação e integração das famílias no nosso País e também um convite ao entendimento desta grande idéia que é a Permacultura.

*** Carta aos Pais ***

"Queridos Pais,

Ficamos muito surpresos e comovidíssimos com a proposta de vocês. Não temos palavras para agradecer e honrar mais esta imensa demonstração de de amor, confiança, generosidade e tantas outras coisas que continuamente fluem do coração de vocês para os seus.

É claro que consideramos qualquer idéia. Na verdade , não temos nada fixo na cabeça; nem isso ou aquilo. Ao longo da jornada (chamada Vida) e principalmente depois de deixar o mundo corporativo, temos coletado e lapidado muitos princípios. E cuidadosamente, selecionado aqueles que mais fazem sentido ao alinhar-se com o principio maior de ser e fazer feliz.

Hoje, temos uma figura muito mais sólida de como trabalhar neste sentido, e essa coleção de idéias chamada "permacultura" parece juntar muitas peças úteis. Nada disso é novo, pelo contrário. Permacultura parece um grande mosaico de sabedorias muito antigas – como respeito e interação com a Mãe Natureza -, trabalhando em conjunto com o que há de novo, revelado nos últimos 500 anos. Durante um curso de permacultura, várias vezes lembrei dos vovôs e vovós. Provavelmente, se estivessem vendo essa coisa chamada “Permacultura”, eles diriam algo como "o ho noh, mas eu fiz isso minha vida inteira!"

Antes de conhecer permacultura vinhamos chamando esse mosaico de conhecimentos de “todos os aspectos da vida”, o que julgamos ser tudo o que é Social, Ambiental e Espiritual. E com um detalhe muito importante que nos têm sido sistematicamente negligenciado nos sistemas de educação de massa, mídia, etc: tudo isso (é) integrado.

Viajando, o entendimento de como o mundo funciona aumenta a cada dia. Lemos muito e conversamos com muita gente diferente. Isso facilita planejar contra-medidas. Mas apesar de entender o quão nefasto é o sistema em que estamos emaranhados, ficamos cada vez menos inclinados a protestar mas em ajudar a espalhar as boas notícias, através do exemplo. Menos protesto, mais exemplo.

Isso já começou com o nosso projeto de desaceleração que, acima de tudo, é uma jornada de aprendizagem. Deixamos espontaneamente o mundo corporativo para estudar, viver com mais simplicidade, e contribuir menos com atividades que provocam deterioração ambiental, social e espiritual. Dar exemplo em vez de protestar. Menos distribuição de peixe e mais lições de pesca, para quem preferir.

Nossa idéia de fazenda é na verdade uma continuação desse projeto de vida. Mas antes de ter bagagem para levar isso adiante, estivemos nestes últimos dois anos, viajando e participando de inúmeras atividades de voluntariado, estudos e projetos ambientais, história, convivência com tribos e povos isolados; tudo isso para “aprender a pescar”. Foi quando encontramos a Permacultura, entre outros tantos conceitos que não tinham se revelado aos nossos tão ocupados olhos, até então.

As pessoas que acordaram a mais tempo e já estão engajadas nesse tipo de ação estão chamando isso de Revolução Silenciosa (Silent Revolution). O peak oil já está acontecendo, o Planeta – incluindo a humanidade - não aguenta mais a própria humanidade e o capitalismo, que nunca foi justo – nem pretende ser - e vinha adoecendo um limitado número de países. Com a globalização, o mundo inteiro adoeceu de vez. Nós vimos isso. Agora, a opção é encontrar alternativas. E elas existem aos milhões!

Permacultura é uma delas. É um estilo de vida e não simplesmente uma técnica de produção. Propõe uma empolgante mudança nos nossos hábitos de consumo e nos recompensa com verdadeira Liberdade! Nas palavras de David Holmgren, “passamos de consumidores irresponsáveis para produtores responsáveis”. Voltamos a ser parte de uma comunidade genuína, que busca ser auto-sustentável. Opera-se com orçamentos pequenos, prática e fomento de fair-trade (escambo, troca, economia local, economia b, etc). E o melhor de tudo: Permite uma vida em abundância de comida e saúde! Pode parecer utopia. Mas nós acreditamos porque vimos. Há milhões de pessoas vivendo desta forma, na maioria dos países do mundo!

Pessoas, comunidades compraram ou tomaram posse de terras, terrenos, prédios abandonados - que ninguém queria pois eram inférteis, improdutivos ou economicamente inviáveis - e transformaram em vilas auto-sustentáveis, coletando energia do sol, vento e chuvas, usando esta energia de forma eficiente e local e, estimulando a Natureza, produzem comida abundante para todos. Em muitos casos também provêem educação independente para suas crianças, jovens e adultos! Tudo isso sem banco, sem cartão de crédito e sem ajuda do governo. Nem é necessário mencionar que esses projetos também operam com praticamente nenhuma dependência de empresas, doação e com pouco dinheiro inicial. E acreditem, até sobra algum nestes projetos, apesar de lucro não ser o principal objetivo. Africa, Cuba, Índia e BRASIL são campeões em permacultura comunitária. Tem muita gente praticando isso. Até na Europa! 

Tivemos uma palestra com um casal de uma vila que segue uma estratégia chamada transition town (vilas de transição) que é fantástica. Este projeto se chama Grow Heathrow.

Começaram num estacionamento abandonado nas barbas do aeroporto de Heathrow, em Londres, um dos maiores do mundo. Hoje, produzem tudo o que precisam para mais ou menos cinco famílias. Não tem conta de luz, água, gás ou financiamentos para pagar. Os maiores problemas do projeto são com a Lei, que marginalizou as pessoas que produzem sua própria comida ou usam água da chuva.

Que ironia. Não poder usar água da chuva! Quanto tempo vai levar para proibirem as pessoas de respirar o ar da atmosfera?

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Sei que isso soa piada, ridículo, improvável. Exatamente como soava vender ÁGUA engarrafada a 50 anos atrás. No entanto, hoje, principalmente na Ásia, água é quase um luxo. Água para beber nas cidades é obtida somente em garrafas plásticas descartáveis. UM COLOSSAL ABSURDO...

Na maioria dos países da Asia que estivemos, toda a água para beber
tem que ser comprada. A água oferecida pelo abastecimento público
não é potável e não há fontes públicas onde as pessoas possam encher suas garrafas. Não tem bebedouros nas ESCOLAS PÚBLICAS!!!!!
Na China, conversamos com jovens sobre o assunto e simplesmente nos disseram
que "comprar água é parte da cultura".
Pergunto: desde quando? Cultura ou um grande negócio sem escrúpulos?

Felizmente, há muitos bons exemplos.  Esta estação de água potável
em Istambul, na Turquia
mostra que distribuir água potável é perfeitamente possível.
Água é VIDA, não um negócio.
PARABÉNS À TURQUIA!

Para evitar esse e outros absurdos, mas de forma alegre e positiva, queremos dar continuidade ao projeto de desaceleração, adicionando o conceito de "protestar menos, dar mais exemplo". Pretendemos viajar bastante no Brasil e conhecer o que já está sendo feito nesse sentido. Aprender em casa também vai ser muito bom, e necessário. E aqui podemos dizer: qualquer plano, auxilio, idéia que sejam educativas e coerentes com estes princípios que temos falado, são e serão consideradas, com certeza!

Muito, muito obrigado a vocês, nossos queridos Pais!"

***Fim da carta***




Nota a todos os nobres leitores: Gostaria de pedir aos que já estejam envolvidos com Eco-vilas, Transition Towns, Fair Trade, LETS, Permacultura em geral que façam contato conosco. Gostaríamos de começar a conhecer projetos em andamento no Brasil.

Muito obrigado a todos!

Francis e Raquel

Voltando a postar

Trabalho voluntário no Templo de Confucio, Partimônio Histórico Cultural en Qufu, China.
Vestidos com estudantes de Confucio, realizamos trabalhos de
conscientização de turistas sobre a importância da preservação e manutenção dos
seus ensinamentos, base da cultura e moral Chinesas.

Caros amigos leitores, 

Estivemos sem acesso ao nosso blog enquanto estivemos na China, que não permite a utilização do blogspot. E também, estivemos trabalhando muito por lá em três projetos de voluntariado nos Patrimônios Históricos da UNESCO: Muralha da China, Montanhas Sanqing e nos Três Confucios. O trabalho foi em ritmo chinês: 47 dias sem final de semana! Mesmo que tivessemos acesso ao blogspot, não teriamos tempo de escrever. 

Bem, estamos agora na Europa, ainda em frentes diferentes. Raquel está em outro projeto da UNESCO, muito focado em arqueologia, que tem se revelado uma grande paixão para ela! Eu estou buscando conhecimento em Permacultura, que devo descrever, em breve, num próximo post.

Daqui, vamos tentar, nas próximas semanas, publicar nossas melhores experiências e aprendizados dos últimos 5 meses.

Um grande abraço a todos!

Francis