“A
humanidade pode desenvolver uma poderosa tecnologia, porém,
sem um correspondente desenvolvimento da consciência"
Trigueirinho.
O LIXO DESCARTÁVEL
Descarte os descartáveis. É tempo de cuidar melhor da Terra e de você..
Por que nos preocupar com o lixo que geramos, se é tarefa da concessionária levá-lo e dispô-lo em algum lugar? Esta é a opinião racional e moderna, muito comum nos dias de hoje. No entanto, é limitada e irresponsável sob as perspectivas de saúde humana e ambiental. Independente de descartarmos nosso lixo na lixeira, na verdade, a história do lixo não acaba aí. Nos iludimos ao acreditar que a concessionária vai dar uma solução mágica para o nosso lixo. Negativo!
Somente uma pequena parte do nosso lixo é reciclado. A maior parte vai parar nos aterros [lixões] e em todo o lugar, contamina solos e águas subterrâneas, obstrui galerias, polui rios e mares. Esse mesmo solo que recebe o nosso lixo, nos dá o alimento e a água que mata a nossa sede. Parar de usar e de demandar plásticos e outros derivados tóxicos de petróleo já não é mais alternativa, é uma questão de saúde. E a responsabilidade é toda nossa.
Nos Estados Unidos, aproximandamente 20 BILHÕES de absorventes são depositados em lixões, todos os anos. (Imagem da internet) |
OS ABSORVENTES DESCARTÁVEIS
Neste contexto, a preocupação com o descarte dos absorventes silenciosamente tomou a minha consciência. Eu me perguntei: é possível viver sem absorventes descartáveis? Era tempo de mudar. Iniciei uma pesquisa sobre o tema e os dados me surpreenderam. A proposta deste texto é dividir com vocês informações sobre alternativas sustentáveis ao uso de absorventes descartáveis.
Você sabia que cada uma de nós gera cerca de 11 mil absorventes durante a nossa vida fértil?2 Logo surge a pergunta: se reciclam absorventes? Não! Absorventes e tampões são considerados lixo hospitalar e são feitos de materiais diversos de difícil separação para reciclagem (gel, plástico, fibras de algodão tratadas quimicamente). No mundo, apesar de serem considerados lixo hospitalar, absorventes tem sido destinados como lixo comum. Nestas condições, levam até 100 anos para serem decompostos, comprometendo a saúde pública, causando contaminação do solo e poluição visual.
Além disso, os absorventes descartáveis são impregnados de produtos químicos (dioxinas, cloro, perfume) que, em contato direto e freqüente com as mucosas da mulher, causam abafamentos, proliferação de fungos e bactérias, cólicas, alterações do fluxo, alteração no PH, alergias, além de esconder a cor, o cheiro e a textura do sangue menstrual1. Absorventes descartáveis também podem desregrar o ciclo menstrual.
Desconectada do seu ciclo natural e sem conhecer o aspecto normal do seu sangue, a mulher não percebe alterações na menstruação e no corpo que poderiam ser bons indícios para a solução de problemas, com medidas simples e caseiras.
ALTERNATIVA ECOLÓGICA E ECONÔMICA
Como alternativa aos absorventes descartáveis, encontrei os absorventes laváveis e o coletor menstrual. Daí, a minha relação com o meu ciclo mudou. Estou usando absorventes laváveis e o coletor menstrual há 4 meses, levo comigo nas viagens e estou adorando. Hoje, eu conheço o aspecto natural do meu sangue, me conheço melhor e recomendo sem medo. É prático, fácil de colocar, retirar, não vaza, não cheira e não me restringe em nada. Posso correr, nadar e praticar yoga sem incômodos e com a consciência tranqüila de estar cuidando do meu corpo e do ambiente.
Os
absorventes laváveis ou paninhos absorvem fluído externamente, são
confeccionados em tecido de algodão, têm capacidade de absorção
muito superior aos absorventes externos descartáveis e proporcionam
mais higiene, frescor, suavidade e conforto. Não causam alergia e
são livres de substâncias químicas pesadas. São convenientes,
fáceis de lavar e duráveis.
Imagem Arte-Mísia |
A lua, que completa seu ciclo a cada 28 dias e influencia os fluídos do planeta Terra, cedeu seu nome ao copinho da lua, como é popularmente chamado o coletor menstrual. Foi desenvolvido para coletar o fluxo menstrual internamente, ao contrário dos absorventes internos, que absorvem somente. Isso significa que não seca nem irrita e coleta muito mais sangue - pelo menos 3 vezes mais que o absorvente interno. O copinho é confeccionado em silicone hospitalar atóxico e hipoalergênico, de acordo com a ergonomia feminina. Disponível em tamanhos diferentes, é reutilizável, extremamente prático, seguro, confortável, dura até 10 anos e é esterilizado via fervura, no início e final de cada ciclo.2
Imagem da internet |
O copinho da lua foi desenhado para ser dobrado, inserido na vagina e, em até 8 horas, removido, esvaziado, lavado e recolocado. Uma selagem leve é formada com as paredes da vagina, permitindo que o fluído seja coletado sem vazar ou cheirar. Pode ser usado durante a noite, em viagens, exercícios e até para nadar, sem risco.2
Como os absorventes laváveis e o copinho da lua são reutilizáveis e duram anos e anos, você economiza e protege o meio ambiente. O valor de um copinho, que dura 10 anos, compra absorventes descartáveis por 2 anos em média. Conclusão: o copinho custa até 5 vezes menos que os absorventes descartáveis! Com a vantagem de ser seguro, livre de químicos e toxinas. : )
O SANGUE MENSTRUAL COMO FERTILIZANTE ORGÂNICO
O sangue menstrual é reconhecido como um excelente fertilizante orgânico. Em algumas comunidades rurais, mulheres doam seu sangue para a Terra em rituais para assegurar fertilidade e colheita abundante.3 O fluido coletado no seu copinho da lua ou a água do molho dos seus absorventes laváveis é fonte natural de nitrogênio, capaz de recuperar solos exaustos e nutrir as plantas. Produtores de orgânicos compram sangue desidratado de animais como fertilizante não-sintético. De acordo com Gowariker em The Fertilizer Enciclopedia, dentre os fertilizantes orgânicos, este concentra mais nitrogênio que qualquer outro. Por que não usar o sangue menstrual diretamente nas plantas? Para aplicação em horta, recomenda-se secá-lo ou compostá-lo para eliminar eventuais patógenos existentes.4
UM POUCO DE
HISTORIA
Muitas pessoas se surpreendem ao saber que o primeiro coletor menstrual foi desenvolvido na década de 1930 pela atriz americana Leona Chalmers, na mesma época dos tampões comerciais. As empresas preferiram a idéia da venda mensal de tampões e lançaram campanhas publicitárias massivas. Apesar do coletor menstrual ser adotado por mulheres conscientes, não conseguiu fazer frente ao grandes orçamentos de propaganda e a cultura que associa descartáveis à conveniência.
Alternativas sustentáveis realmente começaram a ganhar popularidade na década de 1980 quando mulheres buscavam alternativas ecológicas e econômicas. Foi nesta mesma época que Su Hardy, enquanto mochilava na Austrália com sua filha de 1 aninho, experimentou um coletor menstrual de látex e começou a importar em pequena escala no seu retorno à Grã Bretanha.
Vendendo o coletor menstrual para amigas e amigas das amigas, Su percebeu que as mulheres britânicas estavam preparadas para este novo conceito. Após pesquisa extensa seguindo relatos de alergia ao latex, Su desenvolveu uma alternativa hipoalergênica em silicone hospitalar. Em 2002 foi lançado o “Mooncup” na Grã Bretanha e hoje é distribuído em mais de 50 países no mundo, incluindo o Brasil.
ENQUANTO ISSO, NO BRASIL...
O copinho da lua é utilizado por mulheres americanas, australianas e européias há muito mais tempo que pelas brasileiras. Contudo já existem opções nacionais. Dentre elas, destaco a Arte-Mísia que, além do copinho, oferece soluções sustentáveis diversas para mulheres conscientes sobre sua saúde e o meio ambiente. A Arte-Mísia demonstra sua responsabilidade social - ao apoiar as Costureiras de Itaquaciara, projeto social em Itapecerica da Serra/SP que confeccionam os absorventes laváveis de forma artesanal - e compromisso com o meio ambiente - ao receber os copinhos, no final da sua vida útil e destiná-los para a confecção de solados de sapatos, sacolas e outros artigos menos nobres. Além disso tudo, a Arte-Mísia estimula a oferta do sangue menstrual para a mãe Terra e assim, nutri-la com o que há de melhor em nós.
Absorventes laváveis e o copinho da lua dão um fim à poluição, minimizam desconforto e a despesa que os absorventes descartáveis representam. Podemos lançar lixo à Terra ou devolver os nutrientes, a fertilidade e a vida que a Terra generosamente nos dá. Tudo é uma questão de escolha.
Raquel Miranda
Muitas pessoas se surpreendem ao saber que o primeiro coletor menstrual foi desenvolvido na década de 1930 pela atriz americana Leona Chalmers, na mesma época dos tampões comerciais. As empresas preferiram a idéia da venda mensal de tampões e lançaram campanhas publicitárias massivas. Apesar do coletor menstrual ser adotado por mulheres conscientes, não conseguiu fazer frente ao grandes orçamentos de propaganda e a cultura que associa descartáveis à conveniência.
Alternativas sustentáveis realmente começaram a ganhar popularidade na década de 1980 quando mulheres buscavam alternativas ecológicas e econômicas. Foi nesta mesma época que Su Hardy, enquanto mochilava na Austrália com sua filha de 1 aninho, experimentou um coletor menstrual de látex e começou a importar em pequena escala no seu retorno à Grã Bretanha.
Vendendo o coletor menstrual para amigas e amigas das amigas, Su percebeu que as mulheres britânicas estavam preparadas para este novo conceito. Após pesquisa extensa seguindo relatos de alergia ao latex, Su desenvolveu uma alternativa hipoalergênica em silicone hospitalar. Em 2002 foi lançado o “Mooncup” na Grã Bretanha e hoje é distribuído em mais de 50 países no mundo, incluindo o Brasil.
ENQUANTO ISSO, NO BRASIL...
O copinho da lua é utilizado por mulheres americanas, australianas e européias há muito mais tempo que pelas brasileiras. Contudo já existem opções nacionais. Dentre elas, destaco a Arte-Mísia que, além do copinho, oferece soluções sustentáveis diversas para mulheres conscientes sobre sua saúde e o meio ambiente. A Arte-Mísia demonstra sua responsabilidade social - ao apoiar as Costureiras de Itaquaciara, projeto social em Itapecerica da Serra/SP que confeccionam os absorventes laváveis de forma artesanal - e compromisso com o meio ambiente - ao receber os copinhos, no final da sua vida útil e destiná-los para a confecção de solados de sapatos, sacolas e outros artigos menos nobres. Além disso tudo, a Arte-Mísia estimula a oferta do sangue menstrual para a mãe Terra e assim, nutri-la com o que há de melhor em nós.
Absorventes laváveis e o copinho da lua dão um fim à poluição, minimizam desconforto e a despesa que os absorventes descartáveis representam. Podemos lançar lixo à Terra ou devolver os nutrientes, a fertilidade e a vida que a Terra generosamente nos dá. Tudo é uma questão de escolha.
Raquel Miranda
Referências:
DAYLY, Gretchen C. Nature's
services. ISLAND PRESS. 1997.
PRESTON, Micaela. Practically
green. BETTERWAY BOOKS. 2009.
GOWARIKER, KRISHNAMURTHY,
DHANORKAR, PARANJAPE.
The fertilizer encyclopedia. WILEY. 2009.
RILEY, Trish, The complete idiot's guide to green living. ALPHA BOOKS. 2007.
1luartemisia.com.br
2mooncup.co.uk
3goddessontheloose.com/womens-blood-mysteriesby-adelheid-ohlig/
4recyclethis.co.uk