Friday, June 24, 2011

As Maravilhosas Ilhas Fiji







Chegada nas ilhas Fiji

Ao chegar em Fiji, por alguns instantes suspeitei que estivéssemos em alguma praia no nordeste do Brasil. Habitantes bronzeados, sorridentes, trajes coloridos, calor, sol, montanhas, coqueirais. Nosso porto de entrada foi Suva, uma cidade onde Fijians, Chineses e Indo-fijians dividem o espaço em harmonia.



A alimentação é baseada em raízes conhecidas como a mandioca, inhame e batata doce. Frutas muito comuns por aqui são coco, papaia, laranjas, cajá, abacaxi, maracujá. Folhas de mandioca e inhame, espinafres, mostarda, vagem e feijão de corda são os verdinhos populares. Apesar de tantas semelhanças, não encontramos feijão preto. Curioso é também não haver carnes salgadas de nenhum tipo, o que é uma pena em um País onde muita gente mora em ilhas remotas sem energia elétrica. Não obstante, quando se come peixe, é fresco! Em Suva, a Capital de Fiji, ficamos o tempo suficiente para fazer a Alfândega e Imigração, o suprimento do barco de alimentos frescos e Cava.



De Suva partimos para 3 ilhas bem pouco povoadas, chamadas Moala, Totoya, e Matuku - Moala group. Essas ilhas estão fora do circuito turístico de Fiji e o acesso a elas é controlado. Antes de “desembarcarmos”, cumprimos os rituais de sevusevu, como manda o figurino.



Os pássaros encontrados nesses paraísos preservados e rodeados de recifes de corais foram o objeto de estudo da organização Bird International, que esteve a bordo do Infinity em uma expedição de 10 dias, previamente autorizada pelas autoridades de Fiji e pelo chefe das ilhas do Moala Group. Neste período, acampamos nas ilhas para observar e tentar alcançar os pássaros e seus ninhos, em particular o Petrel de Fiji, espécie da qual se tem muito pouca informação científica registrada, como real ocorrência e taxa de aumento/redução das populações.

Também nadamos, mergulhamos, fizemos snorkeling, Francis tentou insistentemente pescar algo mas, em algumas áreas, os peixes parecem cada vez mais raros. Em dez dias, apenas uma Barracuda e um Trevally, suficientes apenas para um jantar da tripulação do Infinity.

Uma possível explicação para esta escassez é aumento da temperatura do mar, que leva a degradação dos bio-sistemas marinhos. É nitidamente perceptível - temos mergulhado com freqüência - o comprometimento de alguns recifes de corais nas Ilhas Fiji, o que (pode) resulta(r) na queda expressiva da biodiversidade marinha e o desaparecimento, por conseqüência, de peixes.

Finalizada a observação e pesquisa com a Bird International rumamos para Labasa, na Ilha Vanua Levu, localizada ao norte. Ancoramos em uma baia calma, rodeada de manguezais e recifes.


Este foi o local onde brava e corajosa Sage, a namorada do capitão, deu a luz a sua bebezinha, Rhian. Nesta ocasião, toda a tripulação, exceto a família do capitão , estava viajando em terra. O nascimento ocorreu de forma bem natural, a bordo do Infinity, fora de hospital, sem médico ou parteira. A pedido da futura mamãe, o capitão improvisou uma piscina no dingue reserva, guardado no convés do Infinity, onde ela permaneceu durante todo o trabalho de parto, que se estendeu por umas 12 horas.


A linda Rhian nasceu com 3,2 kg, próximo às oito da manhã do dia 31 de Maio, logo após um maravilhoso nascer do sol, nas mãos de seu - também bravo - pai, rodeados apenas pela ... Natureza. Tudo foi assim mesmo, simples e maravilhosamente natural. Rhian - uma Fijian de pai Alemão e Mãe Estado-unidense - hoje com pouco mais de duas semanas, é completamente saudável, e só se faz ouvir quando está com fome. Ela já mergulhou e nadou em uma praia espetacular chamada Liku em Yasawa Vawa, cercada por recifes de coral de cores deslumbrantes.

Assim estamos também nós, Francis e Raquel, vivendo uma vida extremamente simples e ao mesmo tempo muito rica em experiências e aprendizado. Não precisamos comprar nada, a não ser comida e cerveja. Raramente precisamos carregar nossas carteiras. Ainda assim, podemos coletar boa parte do que comemos e estamos fazendo cerveja também. Nosso primeiro lote está em maturação e o segundo lote em fermentação secundária. É fascinante descobrir que estamos a cada dia a mais próximos de uma quase auto-suficiência, e muito próximos mesmo do objetivo de viver com muito pouco consumo.

Beijo a todos,

Raquel

Sevusevu e Cava, a bebida do Pacífico Sul

Cava é uma raiz da qual se prepara o grog, a principal bebida tradicional de Fiji, e de várias outras culturas nos Países do Pacífico Sul. Nas comunidades por onde passamos, tomamos muita Cava, ou grog. Tradicionalmente, a raiz de Cava é seca ao sol e depois, mastigada pelas mulheres da comunidade. Então, volta ao sol para nova secagem e finalmente moída em um pilão até a consistência de um pó fino. Para o preparo do grog, misturam o pó com água. O grog é então servido por um jovem da comunidade, escolhido pelo chefe. Todos bebem numa única cabaça de coco, que é servida à “maré alta” (high tide) ou à “maré baixa” (low tide), de acordo com o pedido bebedor. Pedidos de “high tide” dos visitantes são celebrados pelos aldeões pela “coragem” em encarar uma cabaça cheia!

Beber Cava é parte importante do ritual tradicional chamado Sevusevu. Sempre que se chega em uma ilha ou comunidade de cultura autêntica, antes de “explorar” a ilha, é muito recomendado, além de educado - em alguns casos mandatório - participar deste ritual de apresentação. Os visitantes são recebidos pelo chefe e alguns membros da Ilha, em geral no salão comunitário da vila.

No sevusevu os “estrangeiros” - homens e mulheres - e os homens da comunidade sentam-se num tapete confeccionado de fibras naturais, em torno de um bowl, entalhado em madeira. Nele é preparada o grog, que todos bebem por muitas horas. Os participantes devem estar sempre descalços e sem nenhum chapéu ou adorno na cabeça. Os homens - incluindo os visitantes que não queiram parecer indiferentes à cultura de Fiji - trajam o sulu, um tipo de sarong, que deve cobrir as pernas até abaixo dos joelhos. Já as mulheres usam um sarong de corpo inteiro e também precisam ter as costas, ombros e braços cobertos até a altura da metade.



Durante os sevusevu, presentes - principalmente maços da raiz de Cava - e algumas informações importantes são trocadas, como recomendações especiais sobre boas maneiras naquela ilha, autorização para pescar, dicas de navegação entre os corais do local, boas áreas para mergulho, etc. Em geral, o que parece muito formal no início se transforma numa alegre e descontraída atmosfera, sempre regada a grog, e em poucas horas, temos novos e verdadeiros amigos. As crianças, invariavelmente alegres, ruidosas, curiosas e muito sorridentes, já se amontoam para brincar com todos os visitantes.

Nas inúmeras grog sessions que participamos, contamos e ouvimos muitas histórias dos locais. Até propostas de casamento para a tripulação são comuns, já que os aldeões procuram afastar os problemas da consangüinidade. Inclua-se aí a promessa de um “pedaço de terra” - na vila mais bonita que já estivemos: Yasawa-i-rara - feita à Raquel. Mas fui excluído da proposta, Raquel decidiu seguir viagem sem ter uma terrinha no paraíso. Sorte a minha.


Os Fijians ficam em êxtase ao beberem o grog, e após algumas horas, estão muito relaxados e “prontos para um bom sono”. No entanto, o efeito é leve para nós que usualmente tomamos bebidas mais fortes, como a caipirinha. Os Fijians enfatizam que o grog, ao contrário de bebidas alcoólicas, lhes permite uma conversa amigável, tranqüila e produtiva sem nenhuma ressaca no dia seguinte, quando estarão, bem cedo, novamente dispostos para trabalhar.

Grande Abraco a todos!

Francis





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