Como
uma comunidade pode evoluir em meio a vizinhos menos conscientes
Bohol
é uma ilha (ou arquipélago) na região central das Filipinas,
destino turístico de muitos Europeus, Australianos e ultimamente,
Russos, Chineses e Coreanos. O principal destino é a praia de Alona,
na ilha de Panglao. Bohol é muito conhecida pela sua interessante
formação geológica, as pequenas montanhas chamadas de Chocolate
Hills e pela presença endêmica do Tarsier, um dos menores
primatas do Planeta.
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Maravilhoso pôr-do-sol na Praia de Alona... |
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... e logo depois, este fantástico buffet. Mas não se iluda, é MUITO caro! |
Em
Panglao é possível se hospedar num quarto para casal de razoável
qualidade, bem próximo a praias maravilhosas e bastante conservadas,
com o aluguel de uma pequena scooter incluído na diária e ainda
fazer 3 refeições de comida local, tudo por menos de USD 50 por dia
para 2 pessoas.
Apesar
de haver rios com uma certa abundância de água doce – dependente
de regimes estáveis de precipitação, percebemos que os habitantes
da ilha e sua grande população volátil de turistas ainda dependem
muito de suprimentos e serviços externos.
Aqui também se percebe um sério problema, recorrente na Ásia. Não há água potável da rede pública! Cada gota tem que ser comprada…
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A melhor solução que encontramos para evitar as infames e ultra-poluentes garrafas de plástico é - sempre - ter conosco a nossa própria garrafa e completa-la sempre que possível, de bombonas retornáveis.
Isso polui muito menos e é, em média, 20 (VINTE!) vezes mais barato.
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Os aglomerados urbanos da
ilha já apresentam sérios problemas de abastecimento de água. Na
pousada onde primeiro nos hospedamos, toda a água era diariamente
fornecida por caminhões a um custo provavelmente elevado, já que
não há viabilidade para sistemas de bombeamento público.
A
natureza é relativamente preservada. Boa parte da Ilha principal é
protegida pelo Parque Nacional onde estão as Chocolate Hills.
Mas os manguezais da ilha sofrem pressão pela cultura de palma, uma
palmeira baixa que se desenvolve em solos salobros e alagadiços. A
palma é usada para produção de óleo comestível e combustível,
que apesar de baixa qualidade, é muito consumido na Ásia. A
devastação imobiliária também ameaça os sistemas naturais da
ilha, principalmente próximo à costa.
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Natureza
preservada ao longo de uma boa
porção de Loboc River.
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A Palma que vem sendo cultivado por
óleo barato: degradação manguezais. |
A principal cidade no Arquipélago tem aeroporto e porto. Chagamos lá num Ferry vindo de Cebu City. A cidade, apesar de pequena, é poluída, com transito caótico, comum às cidades Filipinas.
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Engarrafamento na pequena cidade de Tagbilaran,
o maior centro urbano em Bohol. |
Já
ao sairmos da zona urbana, as coisas mudam. Os habitantes destas
ilhas demonstram um desenvolvimento especial. Existem na região
museus, parques ambientais, centros de estudos e conservação. Até
mesmo alguns empreendimentos turísticos, como pousadas e hotéis, em
geral criados e geridos por estrangeiros, têm características
ambientalmente menos degradantes, se comparadas a outras regiões
onde estrangeiros investem apenas para explorar os recursos até a
exaustão, e vão embora.
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A
pousada "Reggae" em Panglao, de propriedade de um casal
francês, construída basicamente em bambu e outros materiais locais.
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Bohol
é um emaranhado de belezas. Dirigir uma motocicleta em volta da ilha
é uma aventura cheia de belas paisagens e lugares interessantes para
visitar, como o Parque de Preservação dos Tarsiers, as Chocolate
Hills, a vila de Loboc e sua
enorme e interessante ponte para o nada.
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Passeio de moto pelo interior de Bohol. Belas paisagens. |
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Cachoeira refrescante em Bohol. |
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Os Tarsiers não são mantidos em cativeiro. |
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O Tarsier.
Durante o dia, muito sonolentos e praticamente imóveis. À noite, muito ágeis à caça de suas presas. Quando nascem, são do tamanho de um dedo polegar. |
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A
formação intrigante das Chocolate Hills. Aqui a vista no
Parque de Conservação National Geological Monument.
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O
material constituinte das Chocolate
Hills
pode
ser visto claramente em algumas falésias na costa de Bohol. São
conchas, corais e outros vestígios de vida marinha, revelando que a região
já foi fundo do mar.
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Corais, conchas e materiais sedimentares
que formam as Chocolate Hills |
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Aqui, informações mais precisas sobre
a formação das Chocolate Hills |
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Restaurantes flutuantes na charmosa
vila de Loboc. |
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Um edifício histórico em Loboc, onde seria hoje
a cabeceira da "ponte para lugar nenhum". |
Esta é a construção
abortada de uma ponte que forçaria demolição de prédio histórico
do no outro lado da estrada. Este pretenso Belvedere é certamente um
dos mais resistentes e caros do mundo.
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No Santuário das Borboletas se pode ver... |
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...os insetos acasalando... |
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... e até criar asas! |
Mas,
apesar de acharmos tudo isso interessante, o que realmente nos
encantou foram as iniciativas sustentáveis de Bohol,
como as fazendas orgânicas, que também são centros de
desenvolvimento social, cultural e de artes. Projetos que atraem
muitos jovens e pessoas da comunidade, valorizam a produção local,
o conhecimento e a sabedoria ancestral dos mais experientes.
Visitamos
uma fazenda de abelhas que é um
espetáculo de consciência e desenvolvimento sustentável. Uma
Filipina idealista, entendendo que havia algo de muito errado no
sistema social e ecológico onde foi criada - no Hawaii (USA) -
resolveu retornar ao seu país de origem e “fazer algo”.
Morou
seis meses em uma palhoça na terra que era de seus pais, em Panglao,
que estava, de certa maneira, abandonada. Neste tempo, apenas
refletiu. Idealizou então a Bee Farm, que é hoje uma fazenda
modelo, com mais de 200 colaboradores que, orgulhosamente, apresentam
aos visitantes seus talentos e suas áreas de responsabilidade no
projeto.
Em
pouco mais de 10 anos, desenvolveu, coletivamente, um complexo
sustentável que compreende apicultura, horta, fazenda,
pousada, centro de convenções, restaurante, atelier de artes
plásticas, tecelagem, cozinha, loja de toda a sorte de produtos
orgânicos, etc.
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O deck da pousada, construído com materiais disponíveis no local. |
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Telas feitas de folha de côco, e pintadas pelos artistas da Bee Farm. |
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Loja de Comércio Justo. |
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Muitos produtos orgânicos e deliciosos. |
Pudemos visitar e confraternizar com tecelãs operando seus teares manuais, artistas plásticos pintando e esculpindo. Veja nas fotos:
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Divertida confraternização com o tecelões da Bee Farm e... |
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... dali, tecidos e telas muito bonitos e únicos são produzidos |
Conhecemos também a horta
orgânica com muitas e muitas ervas aromáticas, hortaliças e
legumes que vão direto para o não menos maravilhoso restaurante
orgânico da fazenda.
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A horta produz todos legumes e verduras necessários na fazenda. |
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Salada de flores. Uma iguaria deliciosa na Bee Farm. |
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Uma parede, decorada com casca de côco: reforço e beleza natural nesta parede. |
Sentimos
que nesta ilha as coisas estão se desenvolvendo desta forma porque
algumas pessoas inteligentes - munidas de ética, conhecimento
holístico e principalmente coragem para trabalhar fora do sistema –
iniciaram pequenos projetos sustentáveis, cresceram e inspiraram
muitos outros da comunidade a iniciar seus próprios projetos. Paira
no ar perspectivas sociais e ambientais diferentes, otimistas, mais
sustentáveis e energéticas!
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Um pouco da ótima energia de Bohol! |
Também
é fácil perceber na feição daqueles que visitam estas fazendas –
e são muitos - uma grande inspiração para realizar projetos
semelhantes nos seus países e até para reavaliar seus estilos de
vida e objetivos. Não foi diferente para nós, que nos sentimos
muito inspirados pela Bee Farm.
Desejamos
que todos possam refletir um pouco e sentir, assim como nós,
motivados a procurar algo novo e otimista para a vida! Um belo
exemplo este projeto sustentável da zzzz Bee
Farm, não?!
Um
grande abrazzzzzzço!
Provocação:
você já calculou a sua pegada ambiental?
Um dia desses, eu gostaria de torná-lo um destino de férias em si. É uma área tão bonita.
ReplyDeleteHotel Fazenda Vale Das Nascentes