Thursday, May 17, 2012

UMA ILHA ENTRE 7000 – ESPECIAL BOHOL

Como uma comunidade pode evoluir em meio a vizinhos menos conscientes



Bohol é uma ilha (ou arquipélago) na região central das Filipinas, destino turístico de muitos Europeus, Australianos e ultimamente, Russos, Chineses e Coreanos. O principal destino é a praia de Alona, na ilha de Panglao. Bohol é muito conhecida pela sua interessante formação geológica, as pequenas montanhas chamadas de Chocolate Hills e pela presença endêmica do Tarsier, um dos menores primatas do Planeta.


Maravilhoso pôr-do-sol na Praia de Alona...


... e logo depois, este fantástico buffet.
Mas não se iluda, é MUITO caro!

Em Panglao é possível se hospedar num quarto para casal de razoável qualidade, bem próximo a praias maravilhosas e bastante conservadas, com o aluguel de uma pequena scooter incluído na diária e ainda fazer 3 refeições de comida local, tudo por menos de USD 50 por dia para 2 pessoas.

Apesar de haver rios com uma certa abundância de água doce – dependente de regimes estáveis de precipitação, percebemos que os habitantes da ilha e sua grande população volátil de turistas ainda dependem muito de suprimentos e serviços externos.

Aqui também se percebe um sério problema, recorrente na Ásia. Não há água potável da rede pública! Cada gota tem que ser comprada…

A melhor solução que encontramos para evitar as infames e ultra-poluentes garrafas de plástico é - sempre - ter conosco a nossa própria garrafa e completa-la sempre que possível, de bombonas retornáveis.
Isso polui muito menos e é, em média, 20 (VINTE!) vezes mais barato.

Os aglomerados urbanos da ilha já apresentam sérios problemas de abastecimento de água. Na pousada onde primeiro nos hospedamos, toda a água era diariamente fornecida por caminhões a um custo provavelmente elevado, já que não há viabilidade para sistemas de bombeamento público.


A natureza é relativamente preservada. Boa parte da Ilha principal é protegida pelo Parque Nacional onde estão as Chocolate Hills. Mas os manguezais da ilha sofrem pressão pela cultura de palma, uma palmeira baixa que se desenvolve em solos salobros e alagadiços. A palma é usada para produção de óleo comestível e combustível, que apesar de baixa qualidade, é muito consumido na Ásia. A devastação imobiliária também ameaça os sistemas naturais da ilha, principalmente próximo à costa.

Natureza preservada ao longo de uma boa
porção de Loboc River.

A Palma que vem sendo cultivado por
óleo baratodegradação manguezais.


A principal cidade no Arquipélago tem aeroporto e porto. Chagamos lá num Ferry vindo de Cebu City. A cidade, apesar de pequena, é poluída, com transito caótico, comum às cidades Filipinas.


Engarrafamento na pequena cidade de Tagbilaran,
o maior centro urbano em Bohol.


Já ao sairmos da zona urbana, as coisas mudam. Os habitantes destas ilhas demonstram um desenvolvimento especial. Existem na região museus, parques ambientais, centros de estudos e conservação. Até mesmo alguns empreendimentos turísticos, como pousadas e hotéis, em geral criados e geridos por estrangeiros, têm características ambientalmente menos degradantes, se comparadas a outras regiões onde estrangeiros investem apenas para explorar os recursos até a exaustão, e vão embora.


A pousada "Reggae" em Panglao, de propriedade de um casal francês, construída basicamente em bambu e outros materiais locais.

Bohol é um emaranhado de belezas. Dirigir uma motocicleta em volta da ilha é uma aventura cheia de belas paisagens e lugares interessantes para visitar, como o Parque de Preservação dos Tarsiers, as Chocolate Hills, a vila de Loboc e sua enorme e interessante ponte para o nada.


Passeio de moto pelo interior de Bohol. Belas paisagens.

Cachoeira refrescante em Bohol.


Os Tarsiers não são mantidos em cativeiro.

O Tarsier.
Durante o dia, muito sonolentos e praticamente imóveis.
À noite, muito ágeis à caça de suas presas. Quando nascem, são do tamanho de um dedo polegar.


A formação intrigante das Chocolate Hills. Aqui a vista no Parque de Conservação National Geological Monument.

O material constituinte das Chocolate Hills pode ser visto claramente em algumas falésias na costa de Bohol. São conchas, corais e outros vestígios de vida marinha, revelando que a região já foi fundo do mar.

Corais, conchas e materiais sedimentares
que formam as Chocolate Hills
Aqui, informações mais precisas sobre
a formação das Chocolate Hills

Restaurantes flutuantes na charmosa
vila de Loboc.

Um edifício histórico em Loboc, onde seria hoje
a cabeceira da "ponte para lugar nenhum".



Esta é a construção abortada de uma ponte que forçaria demolição de prédio histórico do no outro lado da estrada. Este pretenso Belvedere  é certamente um dos mais  resistentes e caros do mundo.


No Santuário das Borboletas se pode ver...

...os insetos acasalando...

... e até criar asas!

Mas, apesar de acharmos tudo isso interessante, o que realmente nos encantou foram as iniciativas sustentáveis de Bohol, como as fazendas orgânicas, que também são centros de desenvolvimento social, cultural e de artes. Projetos que atraem muitos jovens e pessoas da comunidade, valorizam a produção local, o conhecimento e a sabedoria ancestral dos mais experientes.

Visitamos uma fazenda de abelhas que é um espetáculo de consciência e desenvolvimento sustentável. Uma Filipina idealista, entendendo que havia algo de muito errado no sistema social e ecológico onde foi criada - no Hawaii (USA) - resolveu retornar ao seu país de origem e “fazer algo”.


Morou seis meses em uma palhoça na terra que era de seus pais, em Panglao, que estava, de certa maneira, abandonada. Neste tempo, apenas refletiu. Idealizou então a Bee Farm, que é hoje uma fazenda modelo, com mais de 200 colaboradores que, orgulhosamente, apresentam aos visitantes seus talentos e suas áreas de responsabilidade no projeto.


Em pouco mais de 10 anos, desenvolveu, coletivamente, um complexo sustentável que compreende apicultura, horta, fazenda, pousada, centro de convenções, restaurante, atelier de artes plásticas, tecelagem, cozinha, loja de toda a sorte de produtos orgânicos, etc.


O deck da pousada, construído com
materiais disponíveis no local.

Telas feitas de folha de côco, e pintadas pelos artistas da Bee Farm.

Loja de Comércio Justo.


Muitos produtos orgânicos e deliciosos.

Pudemos visitar e confraternizar com tecelãs operando seus teares manuais, artistas plásticos pintando e esculpindo. Veja nas fotos:


Divertida confraternização com o tecelões da Bee Farm e...

... dali, tecidos e telas muito bonitos e únicos são produzidos

 Conhecemos também a horta orgânica com muitas e muitas ervas aromáticas, hortaliças e legumes que vão direto para o não menos maravilhoso restaurante orgânico da fazenda.


A horta produz todos legumes e verduras necessários na fazenda.

Salada de flores. Uma iguaria deliciosa na Bee Farm.

Uma parede, decorada com casca de côcoreforço e beleza natural nesta parede.


Sentimos que nesta ilha as coisas estão se desenvolvendo desta forma porque algumas pessoas inteligentes - munidas de ética, conhecimento holístico e principalmente coragem para trabalhar fora do sistema – iniciaram pequenos projetos sustentáveis, cresceram e inspiraram muitos outros da comunidade a iniciar seus próprios projetos. Paira no ar perspectivas sociais e ambientais diferentes, otimistas, mais sustentáveis e energéticas!


Um pouco da ótima energia de Bohol!


Também é fácil perceber na feição daqueles que visitam estas fazendas – e são muitos - uma grande inspiração para realizar projetos semelhantes nos seus países e até para reavaliar seus estilos de vida e objetivos. Não foi diferente para nós, que nos sentimos muito inspirados pela Bee Farm.


Desejamos que todos possam refletir um pouco e sentir, assim como nós, motivados a procurar algo novo e otimista para a vida! Um belo exemplo este projeto sustentável da zzzz Bee Farm, não?!

Um grande abrazzzzzzço!





Provocação: você já calculou a sua pegada ambiental?

1 comment:

  1. Um dia desses, eu gostaria de torná-lo um destino de férias em si. É uma área tão bonita.

    Hotel Fazenda Vale Das Nascentes

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